Neste
sábado, 2 de abril, será comemorado o Dia Mundial de Conscientização do
Autismo, data criada em 2008 pela Organização das Nações Unidas (ONU)
para alertar a população sobre o assunto. Várias ações estão
programadas, como a iluminação de prédios e monumentos de azul.
Além disso, a Defensoria Pública de São Paulo lança a cartilha "Direitos das Pessoas com Autismo", com informações sobre sintomas, diagnóstico e tratamento.
No
Brasil, o autismo atinge cerca de dois milhões de pessoas e no mundo,
segundo dados da ONU, já são 70 milhões. Segundo a psicóloga Fátima
Cavalcanti, doutora em Saúde Pública, professora do mestrado em
'Psicanálise, Saúde e Sociedade' e coordenadora do Laboratório de
Práticas Sociais Integradas da Universidade Veiga de Almeida (UVA), o
autismo é um espectro de desordens que têm em comum o isolamento, o
prejuízo à interação social e a dificuldade de imaginação, além do não
contato visual. Como ainda não se descobriu a causa (acredita-se que
sejam múltiplas), a chave do problema estaria na atitude da família que
enfrenta um caso de autismo. Leia abaixo trechos da entrevista com a
psicóloga:
Em que um dia de conscientização ajuda o autismo?
O
autismo ainda é um desconhecido e gera perplexidade, porque o autista
tem um comportamento diferente, uma dificuldade de socialização. Hoje,
com o diagnóstico precoce, a sofisticação dos tratamentos e o melhor
preparo das escolas, há casos de autistas fazendo faculdade. Um dia de
conscientização ajuda a entender e a falar sobre isso.
O que os pais podem observar a fim de chegar a um diagnóstico precoce?
Um
bebê que não se acomoda no colo, não olha no olho e tem dificuldade de
aprendizado - porque o bebê aprende com o olhar da mãe - deve ser
observado. A linguagem também é difícil porque o autista tem uma
linguagem literal, direta e concreta, é uma troca difícil, já que nossa
linguagem é muito metafórica.
Qual é o caminho para o tratamento correto, já que há tantas opções?
Nem
a Ciência chegou a um consenso sobre o autismo, as famílias ficam
confusas com tantas informações e se tornam grandes estudiosas do
assunto. O primeiro passo é passar pelo luto do filho idealizado que é
muito difícil. Depois, é olhar pra frente, enxergar as qualidades, os
limites e lidar com esse filho real, contando com a ajuda de uma equipe
que trabalhe de forma integrada, hierarquizando os tratamentos. Em
geral, observo que a família se reinventa. Mesmo quem nunca teve que
lidar com um filho autista, já passou por dificuldades e qualquer
deficiência é uma situação limite que desafia o ser humano a ser melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário